quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
Fim da Viagem.
(Último trecho citado.) .
Mas agora Ketut estava falando do céu e do inferno de uma forma diferente, como se fossem lugares reais no universo que ele, de fato, visitou. Pelo menos, acho que foi isso que ele quis dizer. Para tentar entender melhor, perguntei:
- Você já foi ao inferno, Ketut?
Ele sorriu. É claro que já tinha ido lá.
- Como é a vida no inferno?
- Igual a no céu - disse ele.
Ao ver minha expressão de confusão, ele tentou explicar.
- Universo é um círculo, Liss.
Eu ainda não tinha certeza de ter entendido.
- Para o cima, para o baixo... tudo a mesma coisa, no final - disse ele.
Lembrei-me de uma antiga ideia mística cristã: Assim na terra como no céu.
- Então como é possível saber a diferença entre o céu e inferno? - perguntei.
- Por causa de como você vai. Céu, você vai para cima, passa por sete lugares felizes. Inferno você vai para baixo, passa por sete lugares tristes. É por isso que é melhor você ir pra cima, Liss. - Ele riu.
- Você quer dizer que - perguntei - que é melhor passar a vida indo para cima, passando pelos lugares felizes, já que o céu e o inferno... os destinos... no final das contas são a mesma coisa?
- Mesmo-mesmo - disse ele. - O mesmo no final, então melhor ser feliz na viagem.
- Então, se o céu é amor - falei -, então o inferno é...
- Amor, também - disse ele.
Fiquei sentada pensando nisso durante algum tempo, tentando fazer a conta fechar.
Ketut tornou a rir e deu um tapinha afetuoso no meu joelho.
- Sempre tão difícil para pessoa jovem entender isso!
[Comer Rezar Amar - E. Gilbert - Indonésia (88, pg. 270)]
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
"Até de roupa de baixo eu me sinto diferente."
[Comer Amar Rezar - Indonésia]
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
Quem é do meio cuida do meio do lado.
sábado, 11 de dezembro de 2010
[ALICErce]
Só sei que ela é bem do me tamanho.
sábado, 4 de dezembro de 2010
Dona Bendita Inspiração
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Sabe-se.
Só deu uma mordida e depositou a maçã na mesa. Porque alguma coisa desconhecida estava suavemente acontecendo. Era o começo - de um estado de graça.
Só quem já tivesse estado em graça poderia reconhecer o que ela sentia. Não se tratava de uma inspiração, que era uma graça especial que tantas vezes acontecia aos que lidavam com arte.
O estado de graça em que estava não era usado para nada. Era como se viesse apenas para que se soubesse que realmente se existia. Nesse estado, além da tranquila felicidade de pessoas lembradas e de coisas, havia uma lucidez que Lóri só chamava de leve porque na graça tudo era tão, tão leve. Era uma lucidez de quem não adivinha mais: sem esforço, sabe. Apenas isto: sabe. Que não lhe perguntassem o que, pois só poderia responder do mesmo modo infantil: sem esforço, sabe-se.
Também era bom que não viesse tantas vezes quantas queria: porque ela poderia se habituar à felicidade. Sim, porque em estado de graça se era muito feliz. E habituar-se à felicidade seria um perigo social.
[Clarice Lispector - Uma Aprendizagem Ou O Livro Dos Prazeres]
domingo, 14 de novembro de 2010
Um exemplo de Dom.
Se isso te faz feliz, não irei te esquecer. Não irei jogar pela janela os minutos que construi olhando para você, nem vou apagar tua voz abafada debaixo das cobertas das madrugadas, não vou trocar a cor da sala que escolhemos, não vou mudar os móveis de lugar para tentar acabar com o espaço que sobrou na sua ausência.
Quando penso em você quase nada abala. Dói mais quando penso em nós. E quando penso em nós ainda te amo, por isso não vou trocar teu nome seguido de amor no telefone, pois ainda me incomoda a possibilidade de que encontre alguém melhor, porque ainda me desconcerta a idéia que você possa se abrir para outra pessoa. Mantenho seu nome entre meus favoritos, ainda seu sobrenome assina com o meu no final.
Você parou para pensar que tínhamos quase tudo para sermos felizes? Mas quase ainda era muita coisa na nossa história. O quase incluía o descuido, a pressa, os outros compromissos menos necessários, nunca lembramos da velha frase de que o urgente não é o mais importante. A culpa não foi minha, não foi sua. A culpa foi nossa, veio depois, veio quando não entendemos que estavámos juntos não para dividir, mas para somar.
A felicidade brilha, resplandece no vocabulário. Tem lugar garantido no dicionário, nos sonhos, nos projetos de vida. Sempre pensamos na felicidade como um dia, e não no dia em que nos encontramos e a paixão nos dilacerou. A gente esquece do valor das coisas. Mas eu não vou te esquecer, uma conquista deve ser guardada, pode ser uma pessoa inteira, pode ser um minuto em que os olhos se cruzaram. Cada um sabe o que é valioso para si.
O que conquistei de você me pertence.
[Cáh Morandi] - via www.umolharparasentir.blogspot.com
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
Trocando Delicadezas.
[Caio Fernando Abreu]
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
e delicadezas
[Fernanda Gaona] - via www.deliriosesuspiros.blogspot.com
domingo, 7 de novembro de 2010
"Achei Deus de uma grande delicadeza."
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
terça-feira, 2 de novembro de 2010
Céu.
Ter esse mesmo delírio todos os dias.
Cansa; sabia?
O cansaço tá gigantesco.
E tão próximo.
Sinto o peso dele em mim.
Mas dormindo não se pode fazer nada.
Quero espantá-lo.
Preciso abrir os olhos.
Parar de sonhar besteiras.
É besteira, né?
Não me olhe assim, é irreal; não é?
(...)
Esqueci.
Sempre, pra você: "Toda a minha saudade, e o meu amor de sempre."
terça-feira, 26 de outubro de 2010
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
Mágramática
Todo sujeito é livre para conjugar o verbo que quiser
Todo verbo é livre para ser direto ou indireto
Nenhum predicado será prejudicado
Nem tampouco a frase, nem a crase
Nem a vírgula e ponto final
Afinal, a má gramática da vida
Nos põe entre pausas
Entre vírgulas
E estar entre vírgulas
Pode ser aposto
E eu aposto o oposto
Que vou cativar a todos
Sendo apenas um sujeito simples
Um sujeito e sua visão
Sua pressa e sua prece
Que enxerguemos o fato
De termos acessórios para a nossa oração
Adjuntos ou separados
Nominais ou não
Façamos parte do contexto
Sejamos todas as capas de edição especial
Mas, porém, contudo, todavia
Sejamos também a contracapa
Porque ser a capa e ser contracapa
É a beleza da contradição
É negar a si mesmo
E negar-se a si mesmo
É muitas vezes encontrar-se com Deus
Com o teu Deus
Senhoras e Senhores
Que nesse momento em que cada um se encontra agora
Um possa se encontrar ao outro
E o outro no um
Até por que
Tem horas que a gente se pergunta...
Porque é que não se junta tudo numa coisa só?
[O Teatro Mágico - Composição: Fernando Anitelli]
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
28
terça-feira, 12 de outubro de 2010
Cada escolha é um dilema
Nem tudo pode ser perfeito
Pode ser fácil se você Ver o mundo de outro jeito
Se o que é errado ficou certo As coisas são como elas são
Se a inteligência ficou cega De tanta informação
Se não faz sentido Discorde comigo Não é nada demais
São águas passadas Escolha outra estrada
E não olhe, Não olhe pra trás
Você quer encontrar a solução Sem ter nenhum problema
Insistir se preocupar demais Cada escolha é um dilema
Como sempre estou Mais do seu lado que você
Siga em frente em linha reta E não procure o que perder
[Não Olhe pra Trás - Capital Inicial
Composição: Dinho Ouro Preto/ Alvin L.]
domingo, 10 de outubro de 2010
Tão Jovens.
A primeira vez que a li, ela tinha som.
Faz tempo que agente não se vê , por isso resolvi ligar
Te esperei por todos esses anos
E agora não vou mais me enganar
Desde que eu te vi não paro de pensar
Se não for você não vale nem tentar
Então tá, vou te buscar
Agora a distancia não me importa mais, sei que vai rolar
Agora que nos encontramos, nunca mais eu vou te largar"
Vem, senta aqui ao meu lado e deixa o mundo girar, jamais seremos tão jovens.
[Shakespeare]
sábado, 9 de outubro de 2010
Salto Agulha
Pequenos enlamaçados
Extremos
Sempre abominou a mesmice
Sempre viveu de perguntas
E respostas inventadas
Se a invenção fazia sentido lá dentro
Ela seguia
Senão
Fugia.
E depois se guia
Sempre mudou de vestido
Quando ele tocava
Escondeu despertadores.
Conheceu galos
Perdeu várias lunetas
Ficou sem enxergar
Aguçou o paladar
fusão
são
ão
o
De longe
Tudo diminui.
sábado, 2 de outubro de 2010
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
23 set - Minha pequena mais grande do Mundo.
Acho maravilhoso perceber o quanto algumas vidas interagem com a nossa de um jeito tão mágico e bonito (...) Todo encontro que verdadeiramente nos toca é uma espécie de milagre num mundo de bilhões de seres humanos. Algumas pessoas a gente nem imaginava que existiam, mas, meu Deus, que agrado bom é para a alma descobrir que vivem. Que estão por aqui conosco. Pessoas que fazem muita diferença na nossa jornada, com as quais trocamos figurinhas raras para o nosso álbum.
[Ana Jácomo]
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
(22 Setembro)
A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo...
Quando se vê, já é 6ª feira...
Quando se vê, passaram 60 anos...
Agora, é tarde demais para ser reprovado...
E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade,
Eu nem olhava o relógio
Seguia sempre, sempre em frente...
E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das
horas.
[Mário Quintana]
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
Eu quero viver
Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Eu quero dizer
Agora o oposto do que eu disse antes
Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Sobre o que é o amor
Sobre o que eu nem sei quem sou
Se hoje eu sou estrela
Amanhã já se apagou
Se hoje eu te odeio
Amanhã lhe tenho amor
Lhe tenho amor
Lhe tenho horror
Lhe faço amor
Eu sou um ator
É chato chegar
A um objetivo num instante
Eu quero viver
Nessa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
Eu vou desdizer
Aquilo tudo que eu lhe disse antes
Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo
[Trechos de Metamorfose Ambulante - Raul Seixas]
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
[Tesouro Branco]
.Você sabe que sua participação vai fazer muita diferença. Não pela clareza de seu julgamento, por sua nobreza e justa capacidade de decidir, mas sim pela luz e calor que emanam da sua essência. Claro, é possível e provável que eles acabem encontrando o caminho sozinhos, mas seu afeto é toque vital, tudo significando, redimensionando o viver."
[Amanda Costa] via roda-gigante.blogspot.com
Tô aqui, esperando; esperando por você. Tá?! Vê se não demora, meu Tesouro Branco.
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
[Ivan Teorilang]
Trilha sonora: Beirut - Elephant Gun.
Acredito, acredito e acredito.
Pronto.
Esqueço, esqueço e esqueço.
Pronto.
Mas as mémorias não dormem pra sempre.
Não, não, não dormem.
Pra sempre é noite demais.
Pronto.
Ponto.
terça-feira, 7 de setembro de 2010
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
Roda, roda e roda.
- Por que roda tanto aqui, amigo?
Será que na China roda também?
E em Roma, roda?
- É claro, roda-gigante.
- Manhêê, roda em todo lugar.
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
[Resposta Certa]
Toda mulher é experiente em testes. Atravessou a adolescência preenchendo questionários de revistas femininas, definindo pela pontuação se é sensual, se terá sucesso financeiro, se ele a ama.
Constantemente busca levantar coincidências e armar uma simbologia para encontros e esbarrões. Nada é fortuito, tudo tem uma mensagem escondida. Qualquer abordagem é uma revelação de infância.
O homem deve ficar atento quando se apaixona. Para desvendar qual é o exame decisivo da convivência. Cada mulher elabora o seu enigma, particular e intransferível. Pode ser um convite para visitar a família no interior ou quando apresenta seu bichinho de estimação.
É um questionário à paisana. Muitos marmanjos são descartados e não compreendem o motivo. O pé-na-bunda foi uma avaliação secreta em que ele deu a solução errada. É praticamente impossível detectar o momento. Ela se finge de distraída:
- O que acha de The Cure?
Você deduz que é uma pergunta à toa entre milhões que serão feitas ao longo do relacionamento. Confessa a verdade, decidido a impor sua personalidade:
- Foi uma tolice adolescente.
Mas não é uma pergunta, é a pergunta. A única que importa. A decisiva. Ela parte do princípio que nunca vai se envolver - sob hipótese alguma - com um cara que não curte The Cure. Robert Smith continua sendo seu ídolo. Não adianta demovê-la da ideia. Na mulher, qualquer ideia se transforma rapidamente em crença.
O batismo de fogo muda conforme as obsessões da moça. Cuidado com o que diz ao tomar sopa de beterraba num restaurante polonês, cuidado com o que diz na saída de um filme sueco. Esteja preparado, um vacilo e ouvirá o som gelado da guilhotina: zaz! (o número do seu telefone desaparecerá do celular dela)
Antes de ser minha namorada, Cínthya me convidou a correr e participar de seu habitual trajeto na Usina do Gasômetro. Fez sombra na cabeça o zepelim da gozação, aquilo soava como brincadeira. Não combinava com minhas características no Orkut: sedentário, fumante, escritor e adepto incondicional do LER. Fiquei tentado a rosnar um "boa sorte"; me reprimi e aceitei, com um sim engasgado, um sim arrependido. Não tinha noção de como completaria o percurso. Afinal, eram oito quilômetros e não desfrutava de um mísero calção, muito menos de fôlego.
Enfrentei o desafio disposto a enfartar. Se é para morrer que seja por ela.
Não senti as pernas por dois dias. Ainda menti que queria mais: que tal ir até Restinga e voltar? Cínthya terminou o passeio impressionada com a performance. E com meu contentamento silencioso - não falava, bufava, concordando com a cabeça, preocupado em como respirar no próprio corpo.
Conversando com seu irmão Gustavo, descobri seu costume em submeter os pretendentes a uma corrida: "É seu teste para o namoro!".
A enxaqueca apareceu quando esclareceu que ela somente iria casar com quem completasse uma maratona ao seu lado. A pergunta dela vai durar 42 quilômetros.
[Crônica: RESPOSTA CERTA, Jornal Zero Hora - FABRÍCIO CARPINEJAR]
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
"Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão."
domingo, 29 de agosto de 2010
o abraço é a dor do outro
A minha dor eu sei resolver. Ainda que seja a custo alto, sei resolver. Pode ser com um calmante, um trabalho físico, um desabafo. Pode ser mexendo na horta, organizando as roupas no armário, limpando a casa, xingando Deus; eu sei resolver. Ainda que demore, resolvo.
A dor do outro não se comunica. Não dá nem tira emprego.
A dor do outro me isola. Tento uma brecha para falar, mas sinto-me intruso, incômodo, solteiro. Como uma casa em reforma.
Toda dor só é compreensível no idioma da dor. Quem está de fora não entende, não tem razão, não alcança sentido. A dor não busca conselhos; a dor busca a pele para colocar por cima, busca cicatrizar a ferrugem e a maresia.
A dor do outro é pedalar com a respiração. Ela me desfalca, me devassa, me faz duvidar de que eu podia ter ouvido.
A dor do outro é a minha dor mais pessoal, porque é indiferente à minha própria dor.
A dor do outro é uma parada de ônibus sem ônibus por vir. Uma parada de ônibus para se sentar e não ir.
A dor do outro fica no lugar da dor, não suporta um passo além do círculo de sua lembrança fixa. A dor do outro tem a altura de um grito que não é dado para não desperdiçar a dor.
A dor do outro não ri, porque, séria, chega mais rápido ao seu fim.
A dor do outro não se empresta, é dor de osso, dor que não se enxerga de dia e nem de noite.
A minha dor eu resolvo. A dor do outro não sei aonde colocar, onde me colocar. Faço como minha avó Elisa. Quando alguém recusava um abraço, ela pedia para devolvê-lo.
Devolver o abraço é a dor do outro.
[Fabrício Carpinejar -
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
Aponta pra fé e rema.
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
Corações Vermelhos
Viver é colorido.
Escolhas.
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
terça-feira, 24 de agosto de 2010
Come Back: Ela não veio, eu inventei alguma coisa sobre a ausência dela.
Confesso, que estava esperando a bendita inspiração pra eu postar de novo.
Confesso também que estava morrendo de saudades daqui. Vontade de encontrar aquele amigo, sabe?!
Tenho só avistado de longe minhas lembranças, meus olhares, minhas novidades; mas faz um tempo que não tomo um chá ou fico jogando conversa fora com eles todos. E isso faz falta. Por isso, sem muitas ferramentas, resolvi voltar a consertar as coisas por aqui...
E só palavras dele pra me ajudarem, claro; como não?!: "(...) E, de qualquer forma, às cegas, às tontas, tenho feito o que acredito, do jeito talvez torto que sei fazer.”
Ganhei um brinquedo novo: Mando Tweets e 'Retweeto' . (rs.!)
sábado, 31 de julho de 2010
Sempre, pra você: "Toda a minha saudade, e o meu amor de sempre."
Hoje foi um daqueles dias.
A presença da sua ausência teimou em sentar do meu lado.
Pior, quando eu levantava, ela corria na frente.
Quando eu comia, ela beliscava.
Quando eu durmia, ela sonhava.
Quando eu ria, ela me olhava.
Ela só não era você.
Queria que ela fosse.
Vou tentar vê-la assim.
Quem sabe esse não é o truque.
Ela desaparece.
E aparece você.
Mágica.
Que Saudade.
mas quem cantava chorou ao ver o seu amigo partir,
mas quem ficou, no pensamento voou,
com seu canto que o outro lembrou
E quem voou no pensamento ficou,
com a lembrança que o outro cantou.
Amigo é coisa para se guardar
No lado esquerdo do peito,
mesmo que o tempo e a distância, digam não,
mesmo esquecendo a canção.
O que importa é ouvir a voz que vem do coração.
Pois, seja o que vier,
venha o que vier
Qualquer dia amigo eu volto a te encontrar
Qualquer dia amigo, a gente vai se encontrar.
[Milton Nascimento - Canção Da América]
sexta-feira, 30 de julho de 2010
(...) ter a coragem de já ter.
Esperança para mim era adiamento. Eu nunca havia deixado minha alma livre, e me havia organizado depressa em pessoa porque é arriscado demais perder-se a forma. Mas vejo agora o que na verdade me acontecia: eu tinha tão pouca fé que havia inventado apenas o futuro, eu acreditava tão pouco no que existe que adiava a atualidade para uma promessa e para um futuro. (...) a esperança não existe porque ela não é mais um futuro adiado, é hoje. Porque o Deus não promete. Ele é muito maior que isso: Ele é, e nunca pára de ser. Somos nós que não agüentamos esta luz sempre atual, e então a prometemos para depois, somente para não senti-la hoje mesmo e já. O presente é a face hoje do Deus. O horror é que sabemos que é em vida mesmo que vemos Deus. É com os olhos abertos mesmo que vemos Deus. E se adio a face da realidade para depois de minha morte - é por astúcia, porque prefiro estar morta na hora de vê-Lo e assim penso que não O verei realmente, assim como só tenho coragem de verdadeiramente sonhar quando estou dormindo. (...)É medo. Pois prescindir da esperança significa que eu tenho que passar a viver, e não apenas a me prometer vida. E este é o maior susto que eu posso ter. Antes eu esperava. Mas o Deus é hoje: seu reino já começou. (...)E eis que eu estava sabendo que a promessa divina de vida já está se cumprindo, e que sempre se cumpriu. Anteriormente, só de vez em quando, eu era lembrada, numa visão instantânea e logo afastada, de que a promessa não é somente para o futuro, é ontem e é permanentemente hoje: mas isso me era chocante. Eu preferia continuar pedindo, sem ter a coragem de já ter.
[Fragmentos de Clarice Lispector]
quinta-feira, 29 de julho de 2010
Não sente-se não.
Quando tinha 14 anos, esperava ter uma namorada algum dia. Quando tinha 16 anos, tive uma namorada, mas não tinha paixão. Então percebi que precisava de uma mulher apaixonada, com vontade de viver. Na faculdade saí com uma mulher apaixonada, mas era emocional demais. Tudo era terrível, era a rainha dos problemas, chorava o tempo todo e ameaçava suicidar-se. Então percebi que precisava de uma mulher estável. Quando tinha 25 encontrei uma mulher bem estável, mas chata. Era totalmente previsível e nada a excitava. A vida tornou-se tão monótona, que decidi que precisava de uma mulher mais excitante. Aos 28 encontrei uma mulher excitante, mas não consegui acompanhá-la. Ia de um lado para o outro sem se deter em lugar nenhum. Fazia coisas impetuosas, que me fez sentir tão miserável como feliz. No começo foi divertido e eletrizante, mas sem futuro. Então decidi buscar uma mulher com alguma ambição. Quando cheguei nos 31, encontrei uma mulher inteligente, ambiciosa e com os pés no chão. Decidi casar-me com ela. Era tão ambiciosa que pediu o divórcio e ficou com tudo o que eu tinha. Hoje, com 40 anos, gosto de mulheres com bunda grande. E só. Nada como a simplicidade.
[Luis Fernando Veríssimo]
quinta-feira, 22 de julho de 2010
In.
[Osho - Take it Easy]
domingo, 18 de julho de 2010
" (...) Ser feliz não dói."
sábado, 17 de julho de 2010
[Tempos de Paz]
- Você tem dez minutos pra me fazer chorar.
- Isso não está certo, o Sr. tinha que me fazer chorar com as suas lembranças.
- Mas eu ganhei a aposta, o Sr. chorou.
- Seu teatro que me fez chorar. Foi a merda do seu teatro que me fez chorar.
- É foi. Foi teatro.
- E o que, que o Sr. acha que provou pra mim?
- Para o Sr. não provei nada. Provei para mim mesmo. Olha, eu sei que o Brasil precisa de braços para a agricultura; mas eu sou ator. Esta é a minha profissão. Eu não sei para que serve teatro no mundo depois desta guerra. Só sei que eu tenho que continuar a fazer o que eu sei fazer. Um dia alguém vai saber para que serve, se serve. Para mim, basta fazer. Fazer teatro. É como a receita de mingau do professor "Cracovic", alguém tem que saber como se faz este mingau.
- Some da minha frente, o Sr., o teatro e o Mingau.
(...)
[Trechos do filme nacional: Tempos de Paz]
sexta-feira, 16 de julho de 2010
" (...) e minhas vontades são bipolares demais."
terça-feira, 13 de julho de 2010
domingo, 11 de julho de 2010
Catch the Wind.
.
Sabe, para mim a vida é um punhado de lantejoulas e purpurina que o vento sopra. Daqui a pouco tudo vai ser passado mesmo - deixa o vento soprar, let it be, fique pelo menos com o gostinho de ter brilhado um pouco...
[Caio Fernando de Abreu]
sábado, 10 de julho de 2010
Sobre o Tempo.
sábado, 3 de julho de 2010
domingo, 27 de junho de 2010
Sempre, sempre pra você.
Era ainda jovem demais para saber que a memória do coração elimina as más lembranças e enaltece as boas e que graças a este artifício conseguimos suportar o passado.
[Gabriel García Márquez - El amor en los tiempos del cólera]
.A morte é apenas uma travessia do mundo, tal como os amigos que atravessam o mar e permanecem vivos uns nos outros. Porque sentem necessidade de estar presentes, para amar e viver o que é onipresente. Nesse espelho divino vêem-se face a face; e sua conversa é livre e pura. Este é o consolo dos amigos e embora se diga que morrem, sua amizade e convívio estão, no melhor sentido, sempre presentes, porque são imortais.
[William Penn]
quinta-feira, 24 de junho de 2010
[Noutro Lugar]
quarta-feira, 2 de junho de 2010
[Viva La Vida]
E quando eu estiver nua do tempo
e dos meus compromissos alheios,
da hora marcada para levantar,
dormir, jantar e tomar café,
o dia que eu não me preocupar
com a casa desarrumada,
perder uma hora no aeroporto,
sair sem pressa de voltar,
eu sei que será tarde...
tarde demais para o amor chegar.
O tempo todo eu controlei o tempo,
e acabei por fazer o amor se atrasar.
[Cáh Morandi]
(Linda A arte de Cáh Morandi.)
terça-feira, 1 de junho de 2010
"Que ninguém se engane, só se consegue a simplicidade através de muito trabalho."
sábado, 29 de maio de 2010
[El Monstro]
[N. Ferrarezi]
quinta-feira, 27 de maio de 2010
Me valeu o Dia, depois de um presente especial.
terça-feira, 25 de maio de 2010
Como coisas pequenas nos afetam, tão a sério. Que Bobeira.! Que humano.
Eu já me perguntei
Se o tempo poderá
Realizar meus sonhos e desejos
Será que eu já não sei por onde procurar
Ou todos os caminhos dão no mesmo
E o certo é que eu não sei o que virá
Só posso te pedir que nunca se leve tão a sério
Nunca se deixe levar
Que a vida é parte do mistério
É tanta coisa pra se desvendar
Por tudo que eu andei e o tanto que faltar
Não dá pra se prever nem o futuro
O escuro que se vê
Quem sabe pode iluminar os corações perdidos sobre o muro
E o certo que eu não sei o que virá
Só posso te pedir que nunca se leve tão a sério
Nunca se deixe levar
Que a vida
A nossa vida passa
E não há tempo pra desperdiçar.
[Lenine - Todos os Caminhos]
[Compositores: Lenine - Dudu Falcão ]
domingo, 23 de maio de 2010
[Só isso.]
É preciso ter Fé naquele abraço.
É preciso ter Fé naquele espelho, espelho meu.
É preciso ter Fé nos pés.
É preciso ter Fé que nos dias finais do mês, os dias do início do mês já estão atrás das cortinas.
É preciso ter Fé no espetáculo.
É preciso ter Fé que depois do vermelho a cor azul sempre aperece.
É preciso ter Fé que nos dias cinzentos, o sol tirou um descanso.
Só isso.
É preciso ter Fé naquele beijo.
É preciso ter Fé que nos dias de olhos molhados, os lábios e os dentes sairam prum encontro.
Só isso.
É preciso ter Fé naquele olhar.
É preciso ter Fé no que te faz feliz.
É preciso ter Fé que depois da segunda - feira é a terça.
É preciso ter Fé como combustível pros olhos acenderem.
Na verdade, as pessoas tinham que começar a perguntar umas pras outras:
"Ei, você não tem Fé na cara?"
[N. Ferrarezi]
sábado, 22 de maio de 2010
[...flores de plástico não morrem]
Olhei até ficar cansado de ver os meus olhos no espelho
Chorei por ter despedaçado as flores que estão no canteiro
Os punhos e os pulsos cortados
E o resto do meu corpo inteiro
Há flores cobrindo o telhado
Embaixo do meu travesseiro
Há flores por todos os lados
Há flores em tudo o que eu vejo
A dor vai curar essas lástimas
O soro tem gosto de lágrimas
As flores tem cheiro de morte
A dor vai fechar esses cortes
(...)
As flores de plástico não morrem
[Titãs - Flores]
Compositores: Charles Gavin, Tony Bellotto, Paulo Miklos e Sérgio Britto
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Que mania besta de querer ser diferente...
Com o mundo nas costas
E a cidade nos pés
Pra que sofrer se nada é pra sempre?
Pra que correr
Se nunca me vejo de frente
Parei de pensar e comecei a sentir
Nada como um dia após dia
Uma noite, um mês
Por que se preocupar por tão pouco?
Por que chorar
Se amanhã tudo muda de novo?
(...)
[Capital Inicial - Olhos Vermelhos]
Compositores: Dinho Ouro Preto / Alvin L