domingo, 29 de agosto de 2010

o abraço é a dor do outro

.
A minha dor eu sei resolver. Ainda que seja a custo alto, sei resolver. Pode ser com um calmante, um trabalho físico, um desabafo. Pode ser mexendo na horta, organizando as roupas no armário, limpando a casa, xingando Deus; eu sei resolver. Ainda que demore, resolvo.
O que não sei resolver é a dor do outro. Fico mudo, meu braço sobra, minha mão falta, minha boca treme algum vento sem força.
A dor do outro não se comunica. Não dá nem tira emprego.
A dor do outro me isola. Tento uma brecha para falar, mas sinto-me intruso, incômodo, solteiro. Como uma casa em reforma.
Toda dor só é compreensível no idioma da dor. Quem está de fora não entende, não tem razão, não alcança sentido. A dor não busca conselhos; a dor busca a pele para colocar por cima, busca cicatrizar a ferrugem e a maresia.
A dor do outro é pedalar com a respiração. Ela me desfalca, me devassa, me faz duvidar de que eu podia ter ouvido.
A dor do outro é a minha dor mais pessoal, porque é indiferente à minha própria dor.
A dor do outro é uma parada de ônibus sem ônibus por vir. Uma parada de ônibus para se sentar e não ir.
A dor do outro fica no lugar da dor, não suporta um passo além do círculo de sua lembrança fixa. A dor do outro tem a altura de um grito que não é dado para não desperdiçar a dor.
A dor do outro não ri, porque, séria, chega mais rápido ao seu fim.
A dor do outro não se empresta, é dor de osso, dor que não se enxerga de dia e nem de noite.
(...)
A minha dor eu resolvo. A dor do outro não sei aonde colocar, onde me colocar. Faço como minha avó Elisa. Quando alguém recusava um abraço, ela pedia para devolvê-lo.
Devolver o abraço é a dor do outro.

[Fabrício Carpinejar -
Pássaros comem na mão, O Amor Esquece de Começar]

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Aponta pra fé e rema.

.
Aponta pra fé e rema

É, pode ser que a maré não vire

Só eu sei
Nos mares por onde andei

E agora o amanhã, cadê?

[Dois Barcos - Los Hermanos, Composição: Marcelo Camelo]
.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Corações Vermelhos

...
Viver é colorido.
Colorido demais.
As cores saltam.
Vibram de imediato.
Brilham.
Depois, tornam-se ténues.
Foscas.
E o salto vira passo.
Que vira rastejo.
Que vira pecinhas de dominó.
Às vezes, a sequência de cores se inverte.
Ou se misturam na sequência.
Não havendo ausência de brilho em nenhuma cor.
Ou debilidade de cores durante todo o percursso.
Escolhas.
Ou não.
.
A mistura do brilho com o fosco pinta corações.
Corações vermelhos.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

.
"(...) eu não tive tempo de dizer que quando a gente precisa que alguém fique a gente constrói qualquer coisa, até um castelo."

(via Twitter, @caiofabreu)

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Come Back: Ela não veio, eu inventei alguma coisa sobre a ausência dela.

.
Confesso, que estava esperando a bendita inspiração pra eu postar de novo.
Confesso também que estava morrendo de saudades daqui. Vontade de encontrar aquele amigo, sabe?!
Tenho só avistado de longe minhas lembranças, meus olhares, minhas novidades; mas faz um tempo que não tomo um chá ou fico jogando conversa fora com eles todos. E isso faz falta. Por isso, sem muitas ferramentas, resolvi voltar a consertar as coisas por aqui...

E só palavras dele pra me ajudarem, claro; como não?!: "(...) E, de qualquer forma, às cegas, às tontas, tenho feito o que acredito, do jeito talvez torto que sei fazer.”

Ganhei um brinquedo novo: Mando Tweets e 'Retweeto' . (rs.!)