sábado, 31 de julho de 2010

Sempre, pra você: "Toda a minha saudade, e o meu amor de sempre."

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Hoje foi um daqueles dias.
A presença da sua ausência teimou em sentar do meu lado.
Pior, quando eu levantava, ela corria na frente.
Quando eu comia, ela beliscava.
Quando eu durmia, ela sonhava.
Quando eu ria, ela me olhava.
Ela só não era você.
Queria que ela fosse.
Vou tentar vê-la assim.
Quem sabe esse não é o truque.
Ela desaparece.
E aparece você.
Mágica.
Que Saudade.
(...)
mas quem cantava chorou ao ver o seu amigo partir,
mas quem ficou, no pensamento voou,
com seu canto que o outro lembrou
E quem voou no pensamento ficou,
com a lembrança que o outro cantou.
Amigo é coisa para se guardar
No lado esquerdo do peito,
mesmo que o tempo e a distância, digam não,
mesmo esquecendo a canção.
O que importa é ouvir a voz que vem do coração.
Pois, seja o que vier,
venha o que vier
Qualquer dia amigo eu volto a te encontrar
Qualquer dia amigo, a gente vai se encontrar.

[Milton Nascimento - Canção Da América]

sexta-feira, 30 de julho de 2010

(...) ter a coragem de já ter.

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Esperança para mim era adiamento. Eu nunca havia deixado minha alma livre, e me havia organizado depressa em pessoa porque é arriscado demais perder-se a forma. Mas vejo agora o que na verdade me acontecia: eu tinha tão pouca fé que havia inventado apenas o futuro, eu acreditava tão pouco no que existe que adiava a atualidade para uma promessa e para um futuro. (...) a esperança não existe porque ela não é mais um futuro adiado, é hoje. Porque o Deus não promete. Ele é muito maior que isso: Ele é, e nunca pára de ser. Somos nós que não agüentamos esta luz sempre atual, e então a prometemos para depois, somente para não senti-la hoje mesmo e já. O presente é a face hoje do Deus. O horror é que sabemos que é em vida mesmo que vemos Deus. É com os olhos abertos mesmo que vemos Deus. E se adio a face da realidade para depois de minha morte - é por astúcia, porque prefiro estar morta na hora de vê-Lo e assim penso que não O verei realmente, assim como só tenho coragem de verdadeiramente sonhar quando estou dormindo. (...)É medo. Pois prescindir da esperança significa que eu tenho que passar a viver, e não apenas a me prometer vida. E este é o maior susto que eu posso ter. Antes eu esperava. Mas o Deus é hoje: seu reino já começou. (...)E eis que eu estava sabendo que a promessa divina de vida já está se cumprindo, e que sempre se cumpriu. Anteriormente, só de vez em quando, eu era lembrada, numa visão instantânea e logo afastada, de que a promessa não é somente para o futuro, é ontem e é permanentemente hoje: mas isso me era chocante. Eu preferia continuar pedindo, sem ter a coragem de já ter.

[Fragmentos de Clarice Lispector]

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Não sente-se não.

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Quando tinha 14 anos, esperava ter uma namorada algum dia. Quando tinha 16 anos, tive uma namorada, mas não tinha paixão. Então percebi que precisava de uma mulher apaixonada, com vontade de viver. Na faculdade saí com uma mulher apaixonada, mas era emocional demais. Tudo era terrível, era a rainha dos problemas, chorava o tempo todo e ameaçava suicidar-se. Então percebi que precisava de uma mulher estável. Quando tinha 25 encontrei uma mulher bem estável, mas chata. Era totalmente previsível e nada a excitava. A vida tornou-se tão monótona, que decidi que precisava de uma mulher mais excitante. Aos 28 encontrei uma mulher excitante, mas não consegui acompanhá-la. Ia de um lado para o outro sem se deter em lugar nenhum. Fazia coisas impetuosas, que me fez sentir tão miserável como feliz. No começo foi divertido e eletrizante, mas sem futuro. Então decidi buscar uma mulher com alguma ambição. Quando cheguei nos 31, encontrei uma mulher inteligente, ambiciosa e com os pés no chão. Decidi casar-me com ela. Era tão ambiciosa que pediu o divórcio e ficou com tudo o que eu tinha. Hoje, com 40 anos, gosto de mulheres com bunda grande. E só. Nada como a simplicidade.

[Luis Fernando Veríssimo]

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- Poderia me trazer uma dose, por favor?
- O que vai beber?
- Simplicidade, quero muita simplicidade.
- Aguarde um tempo. Sente-se, relaxe. Volto já, já.
- Demorará muito?
- Quer saber, não sente-se não. Vá dar uma volta. Dance. Converse. Ria.
- Demorará muito?
(Música ao fundo, só.)

Então, eu fui viver. Estou esperando

quinta-feira, 22 de julho de 2010

In.

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A cada momento há a possibilidade de ser total. Seja o que for que esteja fazendo, fique tão completamente absorto, de modo que a mente não pense nada, esteja simplesmente ali, seja apenas uma presença. E mais e mais totalidade virá para você e o sabor da totalidade o tornará cada vez mais e mais capaz de ser total. Procure perceber quando você não está sendo total. Esses são os momentos que precisarão ir sendo abandonados pouco a pouco. Quando você não é total... sempre que você estiver na cabeça - pensando, refletindo, fazendo cálculos, sendo astuto, achando soluções engenhosas -, você não é total. Pouco a pouco, vá se descartando desses momentos. Trata-se apenas de um velho hábito. Hábitos são difíceis de se deixar. Mas eles morrem certamente - se a pessoa persiste, eles morrem.

[Osho - Take it Easy]

domingo, 18 de julho de 2010

" (...) Ser feliz não dói."

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Eis que começo a voltar. Não de uma galáxia distante, de outro planeta, sequer de uma cidade ou um parque. De mim, volto.

[Caio F.]
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Naquele dia fazia um azul tão límpido, meu Deus, que eu me sentia perdoado pra sempre não sei de quê.

[Mário Quintana]

sábado, 17 de julho de 2010

[Tempos de Paz]

(...)
- Você tem dez minutos pra me fazer chorar.

- Isso não está certo, o Sr. tinha que me fazer chorar com as suas lembranças.
- Mas eu ganhei a aposta, o Sr. chorou.
- Seu teatro que me fez chorar. Foi a merda do seu teatro que me fez chorar.
- É foi. Foi teatro.
- E o que, que o Sr. acha que provou pra mim?
- Para o Sr. não provei nada. Provei para mim mesmo. Olha, eu sei que o Brasil precisa de braços para a agricultura; mas eu sou ator. Esta é a minha profissão. Eu não sei para que serve teatro no mundo depois desta guerra. Só sei que eu tenho que continuar a fazer o que eu sei fazer. Um dia alguém vai saber para que serve, se serve. Para mim, basta fazer. Fazer teatro. É como a receita de mingau do professor "Cracovic", alguém tem que saber como se faz este mingau.
- Some da minha frente, o Sr., o teatro e o Mingau.
(...)

[Trechos do filme nacional: Tempos de Paz]

sexta-feira, 16 de julho de 2010

" (...) e minhas vontades são bipolares demais."

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Encontrei esse trabalho hoje. Visualmente engraçado e com um conteúdo curioso, é genial.

terça-feira, 13 de julho de 2010

"(...) A tão sonhada paz é você que produz e espalha por aí."

."O quê você tem diante dos seus olhos merece um SORRISO? Então não pense duas vezes…"
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domingo, 11 de julho de 2010

Catch the Wind.

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Sabe, para mim a vida é um punhado de lantejoulas e purpurina que o vento sopra. Daqui a pouco tudo vai ser passado mesmo - deixa o vento soprar, let it be, fique pelo menos com o gostinho de ter brilhado um pouco...

[Caio Fernando de Abreu]

sábado, 10 de julho de 2010

Sobre o Tempo.

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Ele sentia que a conhecia.
O coração dizia.
Os olhos não enxergavam.
Então, a tal aparência não tinha mais valor.
Viver, apesar de tudo; era complicadamente simples demais.
Como nunca é quando se corre bem.

(A arte de envelhecer sempre me comoveu, me fascinou.
Em especial por esses dias.)

sábado, 3 de julho de 2010

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Devia ser sábado, passava da meia-noite.
Ele sorriu para mim. E perguntou:
-Você vai para a Liberdade?
-Não, eu vou para o Paraíso. Ele sentou-se ao meu lado. E disse.
-Então eu vou com você.

[Caio F. Abreu - Onde andará Dulce Veiga?]