quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Fim da Viagem.

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(Último trecho citado.) .
Mas agora Ketut estava falando do céu e do inferno de uma forma diferente, como se fossem lugares reais no universo que ele, de fato, visitou. Pelo menos, acho que foi isso que ele quis dizer. Para tentar entender melhor, perguntei:
- Você já foi ao inferno, Ketut?
Ele sorriu. É claro que já tinha ido lá.
- Como é a vida no inferno?
- Igual a no céu - disse ele.
Ao ver minha expressão de confusão, ele tentou explicar.
- Universo é um círculo, Liss.
Eu ainda não tinha certeza de ter entendido.
- Para o cima, para o baixo... tudo a mesma coisa, no final - disse ele.
Lembrei-me de uma antiga ideia mística cristã: Assim na terra como no céu.
- Então como é possível saber a diferença entre o céu e inferno? - perguntei.
- Por causa de como você vai. Céu, você vai para cima, passa por sete lugares felizes. Inferno você vai para baixo, passa por sete lugares tristes. É por isso que é melhor você ir pra cima, Liss. - Ele riu.
- Você quer dizer que - perguntei - que é melhor passar a vida indo para cima, passando pelos lugares felizes, já que o céu e o inferno... os destinos... no final das contas são a mesma coisa?
- Mesmo-mesmo - disse ele. - O mesmo no final, então melhor ser feliz na viagem.
- Então, se o céu é amor - falei -, então o inferno é...
- Amor, também - disse ele.
Fiquei sentada pensando nisso durante algum tempo, tentando fazer a conta fechar.
Ketut tornou a rir e deu um tapinha afetuoso no meu joelho.
- Sempre tão difícil para pessoa jovem entender isso!

[Comer Rezar Amar - E. Gilbert - Indonésia (88, pg. 270)]

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