quinta-feira, 24 de junho de 2010

[Noutro Lugar]

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Ela de tanto se enfrentar, e se encarar e se enfrentar; finalmente saboreou o café da tarde na sua própria casa. O silêncio já não grita mais tão alto. Falamos um tempo sobre ele. Ela me explicou sobre essa mania besta que ele tem de fazer tanto barulho, de incomodar tanto às vezes. Juro que depois da explicação comecei a admirá-lo. Ela me narrou como a gritaria estridente começava. Sempre na hora do café. Ao tocar na xícara. Desistia. Os gritos começavam. Saia de casa. Ia tomar café noutro lugar. E então, esses dias fez um café novo. Tomou quente e o volume dos gritos caiu. A bebida, nas outras vezes, sempre estava fria. Ele acredita que café gelado faz mal, por isso gritava. Ele é tão intenso que não fala, grita. Quer o bem. Há gritos ainda. Ela está desconfiada que é pela falta de pão para acompanhar o café. Ela Vai fazer o teste, tomar café com pão. Dai, vai notar o volume dos gritos. Mas a verdade é que os gritos sempre existirão. Só resta a ela descobrir as causas para diminuir cada vez mais a intensidade. Sem mandá-lo embora. Entende agora o porquê gostei dele?! Gosto dela.
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[N. Ferrarezi]

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